Hemorio refaz 288 testes feitos pelo PCS Lab Saleme e não encontra irregularidades

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro) não encontrou irregularidades nos 288 testes feitos pelo PCS Lab Saleme, laboratório investigado por emitir laudos com falsos negativos para HIV que resultaram na infecção de seis pacientes transplantados.

Por Cidades na Web em 22/10/2024 às 18:55:23

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro) não encontrou irregularidades nos 288 testes feitos pelo PCS Lab Saleme, laboratório investigado por emitir laudos com falsos negativos para HIV que resultaram na infecção de seis pacientes transplantados.

Desde que o PCS Lab Saleme começou a prestar serviço para a Secretaria Estadual de Saúde do Rio, foram feitos 288 exames em doadores de órgãos. Para confirmar que não havia nenhum outro caso de contaminação de HIV, o Hemorio refez todos os testes.

Devido a gravidade do caso, a secretaria de Saúde informou que vai fazer a checagem uma segunda vez. "A direção da unidade decidiu fazer uma segunda bateria de testes com cada uma das amostras para que não haja qualquer tipo de dúvidas", diz a pasta por meio de nota.

Ainda não há previsão de quando vão sair os resultados da segunda checagem. "Os laudos definitivos serão emitidos ao final desta segunda sessão de exames, que está em andamento."

Até o momento, cinco pessoas foram presas por ligação com o PCS Lab Saleme e envolvimento no processo de emissão dos laudos com falsos negativos. São eles: a bióloga e coordenadora técnica do laboratório, Adriana Vargas dos Anjos, o sócio da clínica, Walter Vieira, e os técnicos Cleber de Oliveira Santos, Ivanilson Fernandes dos Santos e Jacqueline de Assis.

A coordenadora foi acusada por funcionários de ter dado ordem para economizar no controle de qualidade. O advogado Leonardo Mazzutti Sobral, que representa a bióloga, afirmou que Anjos "não recebeu e tampouco emitiu qualquer ordem para reduzir a periodicidade de atos relativos a controle de qualidade". A defesa disse ainda que repudia qualquer informação ou depoimento veiculado em contrário.

Segundo as investigações, houve uma falha operacional no controle de qualidade aplicado nos testes, com o objetivo de diminuir custos. A análise das amostras deixou de ser realizada diariamente e se tornou semanal.

A coordenadora do laboratório PSC Saleme já tinha sido ouvida pela polícia sobre essa suspeita. No depoimento, ela declarou que o controle de qualidade dos equipamentos era feito diariamente por sua orientação e que ela nunca ordenou que fosse semanal.

Ainda segundo a declaração de Adriana Anjos, o controle era feito pelos técnicos Ivanilson Fernandes dos Santos e Everaldo Medeiros Dias. Ambos afirmaram à polícia que a ordem para economizar no controle de qualidade no laboratório teria sido da bióloga.

O médico Walter Vieira atribuiu as contaminações a falhas humanas. Segundo ele, no primeiro caso, Cleber Santos não realizou a checagem de um equipamento para testes de HIV, o que teria causado o falso negativo.

No segundo caso, Ivanilson teria digitado incorretamente o resultado de um exame, e a conferência e assinatura ficaram a cargo de Jaqueline Assis, que teria utilizado documentos falsos para se passar por biomédica e, por isso, emitiu o laudo incorreto.

A defesa de Cleber afirma que ele não fez exames com falsos negativos e não tinha vínculo empregatício com a clínica.

Ivanilson afirmou que não assinava os laudos do laboratório, sendo essa responsabilidade de outros profissionais.

Jaqueline afirmou que sua função era administrativa e que seu nome foi usado indevidamente em assinaturas de laudos. Ela também disse que nunca se apresentou como biomédica.

DIRETORIA DA FUNDAÇÃO SAÚDE É EXONERADA APÓS DOAÇÃO DE ÓRGÃOS COM HIV

Foram exonerados na segunda-feira (21) todos os membros da diretoria da Fundação Saúde, empresa pública do Rio de Janeiro responsável pelo contrato com o PCS Lab Saleme.

Por meio de nota, o governador Cláudio Castro (PL) informou que aceitou a renúncia da diretoria e que a medida "amplia a transparência e assegura que não haja interferências nas apurações já determinadas pelo Governo do Estado". Informou também que em breve será anunciada uma nova diretoria.

Renunciaram aos cargos na Fundação Saúde: João Ricardo da Silva Pilotto, diretor executivo, Alessandra Pereira, diretora administrativa e financeira, Bruno Klein, diretor de recursos humanos, Débora Teixeira, diretora de planejamento e gestão, Carla Boquimpani, diretora técnico-assistencial, e Luiz Romano Quagliani, diretor jurídico.

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